sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

"Vens-ido"



Tudo que se teme perder
Já se faz perdido
prefiro viver
Como que já tivesse vens-ido!






(Igor Barbosa)

Movie in Mente



Te encontrei em um filme
Tu eras uma cena,
Cinematica, plena...
Depois, veio a próxima...
...cena...
a ser, na mente...
a cena mente... acena mente!
... acena, mente!





(Igor Barbosa)

quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Reti-essências


Reti essências naquelas reticências
Pontos de pensamentos e descoerências
Três fins fazendo desfindamento
Ponto,ponto, pronto!
Re-Ti sem SI, as minhas idéias...



(Igor Barbosa)

Consuma-ção



Como um cão
Que baba pela consumação
Como um cão
Que subitamente
Muda a feição
Diante do que o possui...
Morder... abocanhar...
É tudo que enquanto você pensa,
Ele se põe a fatalisar, realizar-se ...
Como um cão,
Eis uma boa intenção!





(Eu's)

sábado, 25 de dezembro de 2010

Minha Mentira


Minha mentira é tão minha
E tão linda, que nem se pertence
Nem me pode pertencer
Inventei minha mentira
Para contrapor um mundo
Que em "verdade", me vence...
Mas que não pode me vencer!

Minha mentira, eu ganhei do tempo
E de uma manhã em que se acorda
Cedo e feliz e nem se sabe o porque

Minha mentira veio, e de mim
Evadiu-se um sorriso, só seu,
Involuntário a se dar...

Minha mentira roubou-me
A tristeza, a pobreza,
A frustração no olhar

Minha mentira, mentiu-se pra mim
E assim, me trouxe, uma verdade sua,
Felicidade nua...
Mentira de verdade!

Acredito na minha mentira,
E me julgo bobo por isso,
Bobo de verdade!



(Igor Barbosa)

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

QUANDO O TÍTULO É "maior"... QUE A POESIA, EIS UM POEMA QUE LEMINSKI FARIA!






Ti...
Tu,
... -lô
!








(Igor Barbosa)

"Com Some"



Vicio é aquilo que não deixa indício.
Nenhum rastro,
Um cadaver e um precipício!






(Igor Barbosa)

"Khris-tós"


Rezou vida, e não adiantou
Pediu de graça, e teve que pagar
Sangrou a taça, mas não pode entornar
Deu-só... um gole.




(Igor Barbosa)

"Sub-instância"



Corpo simples
Gozo plácido,
Deus ou
Um acido?




(Igor Barbosa)

"Come...Morre"



Nunca se sabe o que se ganha
Até que se perceba
A perda...
Que o ganhar provoca.



(Igor Barbosa)

"A-nexo"



Na sanidade
vi, um novo tom...
Loucura é tomar
O que se faz,
Para além de mau ou bom.



(Igor Barbosa)

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

"Apto-conhecimento"



E tenho

dito
cada
um
sabe o som
de seu
apito.



(Igor Barbosa)

"Estais...Sonhes"



Tive um amor
De verão
Veio
O outono, e ela
S o l t o u
Minha
Mão!




(Igor Barbosa)

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

"Sum Superavit"



De repente,
Um pensamento
Me ocorre:
Um poeta só
Nasce,
Depois
Que
Morre!



(Igor Barbosa)

sábado, 18 de dezembro de 2010

"Fraco Aço"



Após um fracasso... Primeiro o pé, depois o passo.







(Igor Barbosa)

“Reflexina”


Frente ao espelho,

ria ... Menina

... Consome

a alegria

Que o reflexo te ensina

Sina, é alegria, a tua...



(Igor Barbosa)

[...]ex-o-Romântico













(Igor Barbosa)

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

"Cacto Flor"

Cacto canto
Pra butá
Cacto flor

Cá qui fique baixo
Cá qui altiô
E onde é que encaixo

A minha, de cacto, flor?

(Igor Barbosa)

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

"Vasta Menina"




Tinha o semblante vasto, que se estendia
Pelos seus cabelos volumosos
Transbordando significado...
Tomava a cena, como um close numa alma plena
Enchendo a vista, me sufocava, o seu olhar
Um rosto impactante...
Uma mulher com o brilho de um diamante
Seu sorriso regia-me, numa alegria besta
Alegria de criança, menina...
Naquela mulher encontrei,
Fantástica Menina!
Aquela Fulana chamada Regina
Rege, na face, vasto encanto
E me fascina... Regi... na...
Vasta Menina.

(Igor Barbosa)

domingo, 12 de dezembro de 2010

À Ladra - ( 3º Poema da sério: "Quatro Poemas de Se Perder Um Concurso." Não perca o próximo)

Se tu subires ao céu, eu desço
Se tu adentrares ao inferno, eu saio

O teu céu, faz meu inferno
O teu dia, faz minha noite
O meu inferno é ti ver

Tudo que tu fizestes, foi nada
Tudo que tu quisestes, foi tudo
Aceitei a tua lei... mudo

Mas hoje mudo...
Não quero sequer, te ver

Não quero te saber
Ladra covarde

Tudo que levas, pra ti
Em mim, arde

Arde a falta, no que sinto mais
A saudade de tudo que tu não me traz...







(Igor Barbosa)

sábado, 11 de dezembro de 2010

Da ausência de nosso último "primeiro encontro", Capitolina.

Aquela mulher que encontrei sem procura... "encontrei-me-a", em si, e que depois procurei, no meu cansar... Outro dia estava subindo as escadas do departamento e de súbito, o universo brincou com meu tormento... Esbarramos um no outro, quase misturando nossas pressas, nossas angustias por se dês-apressar, pareceram ainda maiores naquele momento...

-Oi! Nossa que evento, como é difícil encontrar essa mulher, tão ocupada! (risos simples)

-(risos simples complacentes) O que é isso rapaz, olha a idéia que você faz de mim. (negando só por negar, sua demasiada ocupação)

-(Falei dos poemas) Quando você me manda os seus? Ainda não me mandou, e prometeu!

-Mando por E-mail, mas já disse que não sou poeta.(uma "não-poetisa" poética)

Devia ter dito que não era nenhum critico, só queira poder re-tê-la em suas poesias. Ao invés disse:

-Tudo bem, não tem presa, eu espero.(negando só por negar, minha demasiada agunia)

O Súbito acabou-se, de encontro, nos abraçamos. Numa ação covarde, sorriu sem me avisar, para que me protegesse de sua alegria.(quando vi já era tarde...) Mais covardemente ainda, no abraço que nos demos, roubei-lhe o cheiro de seus cabelos. Quando consumi por completo aquele cheiro, como fosse possível apaga-lo de minha mente, ela já tinha se ido, mas o cheiro de seus vastos cabelos ficou até um primeiro suspiro...

Idas nossas pressas, ficaram as agonias em se re-apressar, re-correr aos dês-afazeres acadêmicos. Subi, descendo as escadas... Mandei meu corpo ir escrever seminários sobre "prática social" e minha mente, já sem fôlego, foi viver na prática atrás dela, aquela "não-poetisa" poética. Porém, para a minha surpresa, acabados ou frustrados meus dês-afazeres, fui-me daquele departamento, cárcere de nossas pressas, como quem já não estivesse lá a muito tempo.

Na fuga, me deparei com algo que me deixou estático novamente. Re-senti de súbito enquanto aproximava-me daquelas escadas, o fantástico da ausência de nosso "ultimo primeiro" encontro, estaria ali presente. Quando pensei em descê-las, lembrei-me novamente daquele momento, como se já fosse possível, lembrar-se do que não se teria esquecido.

Apressei o passo, criminosamente desesperado, pensei que podia esbarrar nela novamente, no meio das escadas, como da primeira vez. De repente passou pela minha cabeça: "Quem sabe sua pressa não a tivesse feito esquecer alguma coisa, que agora voltava pra buscar. quem sabe quisesse pensar que esqueceu, e assim esquecer por se lembrar."

Me enchi de esperança, minha pressa passou, tive agonia... como caminhava pelo corredor fiz a curva e desci as escadas, todo meu monólogo seria em movimento, não iria parar por hesitar maior tormento. fingi ter certeza. Re-espirei aquele encontro de pressas, com bastante calma, encerrando minha decida no local e no final daquele primeiro suspiro que estendera até tal momento.

Ela não estava lá, mas daquele dia até agora, subir ou descer, caminhar o correr por aquelas escadas, ainda me traz seus vastos cabelos, seu criminoso sorriso de encanto, assim como seus olhos de se olhar, o brilho. Já mesmo nos dês-re-encontros, insisto em nos re-encontrar, e nem o posso fazê-lo diferente, pois o cheiro daqueles cabelos, nos re-traz em minha mente.

Fica agora a necessidade da amnésia, ou pelo menos, a perda do olfato. Enquanto elas não vem, lembro e cheiro aquele nosso ultimo primeiro ato.


(Igor Barbosa)

"Rimanceira"- (2º Poema da série: "Quatro Poemas de Se Perder Um Concurso", não perca o próximo)

Minha cabeça rima,
Como uma bola
Descendo a ladeira
Por cima de pau e pedra

Bola, minha cabeça rima
Descendo ladeira inteira
E quando chega lá em baixo...

Bate na quina, daquela parede
Minha cabeça rima
Como pra baixo e pra cima
Sobe e desce...
Rima mesmo que não me interesse.

(Igor Barbosa)

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Êi...

Pessoal esses dias estarei postando pra vocês os outros poemas que escrevi para o concurso Flor de Cacto, os que não foram premiados. "Um Corpo" foi o primeiro deles, faltam três ...

"Um Corpo" (1º Poema da série: "Quatro Poemas de Se Perder Um Concurso", não perca o próximo)

Um corpo só,
um corpo dói
um corpo vira pó
Ou o verme rói

A casa onde vivo
Será, no seu dês-futuro
O lar de um habitar nocivo,
onde virá morar o escuro

Corpo que nunca foi puro
Macio tecido, pele
Esqueleto banco e duro,
Casa que me adere...

Dói a vida a passar por ele,
Não cabe no pé o passo!
Espessa sufoca, a pele!
Resiste, mas não é de aço

Tudo que o toca, o fere
Se enche de ar e expele
Antes de dormir, espere...
Fechar as lentes da pele

Em um cômodo escuro,
Um corpo só
Um corpo em paz
Um corpo é nó,
E no fim... Desfaz!

(Igor Barbosa)

Esse é em homenagem ao Augusto dos Anjos.


quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

R up tu r as (Poema em transito, Porque aqui, nada será acabado, perfeito...)

Corte A Corda

Rompa O Cordão Umbilical

Atravesse A Borda

Quebre O Refrão Banal

Desfaça A Arrumação

Embaça Tua Visão

R UpT u Ras, R uP tU r As...

Te dEs-venc-Ilha

De Quem Tu Não A-turas

Levanta e sAi

Se Não Es-tá bom Aqui

Grita e vAi, Antes do si-nal

tEu grito sur-do

Quebra Tu-do O quE é for-mal

O Que For Mau... Ou Igual

Pula an-Tes de par-ar...

Bota A Cabeça Pa-ra Fora, Olha o c-Éu

olha o sEu... rE-flexo Na Pa-rede De vIdro

Entra... Tá Si-lêN-cIo? Diz, hÊI! e sAi.

Ri... E Rima, Rouba Um B-eijo

E Que-br-a Um Cli-ma

Ten-ta des-grud-ar

Do-is Ped-aços DE um ÍmÃ

Vai pr-a BaIxo...

Quando To-do m-Un-do For prA cImA...

B-aixo dO Lençol

b-aix-o do Ju-az-ei-r -o

bai-xo Da Lona D-o C-irc-O

En-cI-ma do Pic-a-dei-Ro!

VaI dE ca-r-o-na, D-eixa De sE-r Passa-geiro!

Dis-corda , e puXa...

Diz Fada, E rOuba A Vas-sOura Da Bruxa

Diz RE-pente, dis-plic-E-nte, Diz cont-e-nte...

Des-faz, diz mAis ... diz jaZ

O quE tU fo-I nÃo é ma-is

E de tu-d-o QuE fOi Tu...

Só-mente per-dura-s ... nAs som-bra-s

dE tu-as per-c-as Ru p turas .


(Eu's)

sábado, 27 de novembro de 2010

"Moça Poesia" (Poesia ganhadora do concurso "Flor de Cacto")

Um dia encontrei uma moça...
E no de repente do seu olhar,
Os meus poemas viraram atos
Todos os morfemas viraram fatos

A minha melhor poesia, não tinha linhas nem papel... Quis digitar no seu vestido, mas me chamaria de atrevido. Então me senti um total perdido... Ela estava fugindo, estava escapando. Diante de mim, a poesia não se escrevia, e eu só a olhando...

Perguntava-me quando, quando?
O pensamento divagando...
Calculador de sentimento,
Aflito, procurava o melhor momento...

A que horas tento?

A poesia ao vento, não queria mais do que o momento... E eu lá, tento ou não tento? Se deixar pra escrever depois, vai me esquecer depois... Passou, se foi à poesia. Todo aquele fascínio desocupou o espaço, mas deixou na sombra de seu último passo, um desejo de abraço...

Diante de todo aquele nada...
Minha inspiração se viu calada
Ali onde agora nada, esteve tudo
E eu, estive mudo...

A danação do mudo...
Danação do mundo
Diante de perder tudo
Vi-me um vivo moribundo

Procurei a poesia por todo canto
Revirei a minha estante de encanto
E não achei sequer um verso...
Clamei em agonia:"volta poesia, eu te peço!"

Por duas vezes no universo
Nossos olhos trocaram algum verso
Das duas vezes que se falaram
Os olhos , dizendo tudo
Tudo calaram...

Na noite de um longo dia... Fiz-me surdo, ou calei o mundo. E novamente reencontrei a poesia. Moça de eloqüente semblante, que tinha no olhar, o dom de esticar o instante...

Aquele momento, re-parou
O tempo...
A fala, nunca foi tão de sinais,
perguntei a poesia:
Por que tu não se dizes mais?

Vim aqui pra te saber, Pois
Se não posso te conter
Deixa ao menos te escrever
No instante que te Traz!

A poesia se falou...

Se no instante que estou
Tu te fazes a minha volta
Sou eu, tu!
E tu, eu sou
Sou eu, tu...
E tu, nem nota

Não seriamos cúmplices, posto que já o fôssemos. Os desejos encontravam nos olhos seus, olhares que eram os meus.

Tudo que eu queria
Já teria sido ou também seria,
De alguma maneira
Naquela "Moça Poesia"...

Nela, tive de súbito,
Um encontro comigo
Ela fez-se de repente
Meu mais intimo ente

Que poeta já falou de nós,
Senão todos?
Que amante já tomou-a muda,
Senão o Neruda?

"Moça Poesia", pra te reencontrar
Eu já dobrei o dia...
Calei um mundo que não te ouvia
E só por teu olhar
Tudo de novo eu faria

Pois já não sei o quanto
Desejei com força
Que a minha Poesia
Fosse tu Moça!


(Igor Barbosa)


Poema ganhador do concurso "Flor de Cacto", do departamento de Letras, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. saldado com a honraria de "Promessa Literária".

Dedico esse Prêmio aos meus finados avós, dois "analfabetos" que me ensinaram a ler a vida.

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

SI...ente!

... Uma hora, você SI percebe no futuro,
Que nessa hora já será presente,
E então derepente...
Perceberá que o passado, vai estar ausente.
Verá o que você é, quase que completamente,
Uma vida toda, até então, indiferente...
Saber o que SI foi, é como morrer
E por SI a olhar, o próprio túmulo...
Como o de um ente, um SI...ente.


(Igor Barbosa)

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

domingo, 17 de outubro de 2010

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Bernardo Soares, um Eu'sinestésico também:

"Leve, como uma coisa que começasse, a maresia da brisa pairou sobre o Tejo e espalhou-se sujamente pelos princípios da Baixa. Nauseava frescamente, num torpor frio de mar morto. Senti a vida no estômago, e o olfacto tornou-se-me uma coisa por detrás dos olhos. Altas, pousavam em nada nuvens ralas, rolos, num cinzento a desmoronar-se para branco falso. A atmosfera era de uma ameaça de céu cobarde, como a de uma trovoada inaudível, feita de ar somente.

Havia estagnação no próprio voo das gaivotas; pareciam coisas mais leves que o ar, deixadas nele por alguém. Nada abafava. A tarde caía num desassossego nosso; o ar refrescava intermitentemente.

Pobres das esperanças que tenho tido, saídas da vida que tenho tido de ter! São como esta hora e este ar, névoas sem névoa, alinhavos rotos de tormenta falsa. Tenho vontade de gritar, para acabar com a paisagem e a meditação. Mas há maresia no meu propósito, e a baixa-mar em mim deixou descoberto o negrume lodoso que está ali fora e não vejo senão pelo cheiro.

Tanta inconsequência em querer bastar-me! Tanta consciência sarcástica das sensações supostas! Tanto enredo da alma com as sensações, dos pensamentos com o ar e o rio, para dizer que me dói a vida no olfacto e na consciência, para não saber dizer, como na frase simples e ampla do livro de Job, "Minha alma está cansada de minha vida!"


(Bernardo Soares. Do Livro do Desassocego)

domingo, 10 de outubro de 2010

Vinho (vinum)


















"Tomar um bom vinho é como provar o sangue de um deus, não o de 'Deus' ou o de 'Cristo', mas o sangue de 'Um deus'... é frio e quente, parece vida mas é morte. Cada gole sucita um buquê do que sucumbe, o agora. O sabor do divino morto, ou morrendo..."
(Igor Barbosa)

Momento de agradecimento:

Obrigado a todos vocês que estão pelo mundo a fora e se visitam em mEu's textos, desde o pessoal que está aqui no Brasil aos que estão nos Estados Unidos, Austrália, Moçambique, Grécia, França, Emirados Árabes Unidos, Ucrânia, Reino Unido, Bélgica, Indonésia, Canadá, Rússia, Portugal etc. Fico feliz em saber que de alguma forma nos encontramos mesmo estando tão distantes. Sejam sempre bem vindo e fiquem a vontade para fazerem seus comentários aqui.

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

O Touro e o Tolo(Toure...a...dor)

Derrubei um touro pelo chifre. Depois de se sentir tomado, ficou acuado. Sentiu meus braços em seu pescoço e o peso de seu corpo recaindo sobre si... O tombo o desconcertou, touros são de terra firme, o ar os mareia. O derrubei e depois o soltei, pois queria que ele me desse um abraço. Um abraço de touro, um abraço de amigo. De pé novamente, seus olhos me fitavam indecisos, ainda perdidos no ar da queda, se sentia acuado, mas seu olhar sabia, que no meu, podia confiar. Como ou porque, não sei explicar... O que tornou mais difícil saber que decisão tomar. Então nos olhávamos, eu o encarava, ele me dês-encarava, fitando e fugindo ao meu olhar... Naquela conversa de olhos, cada piscadela parecia demorar horas, em nossos olhares de horizontes.
Começamos a dançar. Uma dança de “amistosos rivais”, um tango de arena... Eu o rodeava, já poderia o abraçar. Ele já não resistiria ao meu abraço. Porem não era uma caça, então pensava, porque ele não me abraça. Fazia a poeira subir pateando o chão, e num desses eclipses de areia, de repente, quando a poeira baixa... Vejo que por trás dele, estamos cercados... Tanto eu como ele, vivemos num curral, numa arena... Acoitados sem escolha, enjaulados. Se me abrasasse ali, apenas dividiríamos nossas arenas. Se me abraça, não tem mais paz, outros viriam aos montes derrubar o touro, que de uma hora pra outra, ficou manso. Que impasse... Já não sabia o que fazer... E foi quando no meio da arena, o indeciso e indomado touro, imponentemente sentou. Por mim, no ato, demonstrou seu respeito. Pensei: eu não o mato, pois o carrego em meu peito, pelo que não falou e o que não tenha feito. Aquele touro não me abraçou, mas me conteve, por dentro dos olhos. No mais, aqui fora, estamos todos presos do outro lado da arena.


(Igor Barbosa)

sábado, 4 de setembro de 2010

Eu Pedacinho



Não sei andar sozinho
a companhia é meu caminho
ou talvez o contrário
solto no meu imaginário
qualquer sólito é funerário

Mas de toda luz que o uno emana
veio ele me atar a uma alma hermana
mesmo outro, não nasci sozinho
minha alma tem um coração vizinho
nasci eu, depois meu pedacinho

Menina enjuada, chorona...
tão bunitinha quando ficava com raiva
da minha primeira amizade, é dona
agora, mulher que eu não imaginava

Se fosse pra nascer sozinho
eu não teria sido
se não fosse meu pedacinho
eu já teria ido

De longe, minha maior fã
minha forma de manter a alma sã
é pensar que no mundo
tenho uma alma irmã.

Meu pedacinho que não tem tamanho
pra dizer que te amo, eu me acanho
mas nesse mundo eu seria muito mais sozinho
se não tivesse teu coração vizinho.

Te amo meu pedacinho!


(Eu's)



06/09/2010 aniversário da minha irmã, parabens!




segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Eu

eu
quando olho nos olhos
sei quando uma pessoa
está por dentro
ou está por fora

quem está por fora
não segura
um olhar que demora

de dentro de meu centro
este poema me olha

(Paulo Leminski)

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Eu'silencio (presente do indicativo)

Tenho uma palavra a dizer...

Que ainda não foi inventada
tenho uma palavra e em seu lugar,
há nada...

Ouvi uma palavra calada

Alguma coisa...
sendo imaginada,
porém, seu som
... ainda, é nada.

De que serve uma palavra dessa?
Esforço-me pra falar
mas não tem pressa
é como um pensamento...
que não se interessa
a fazer...
sua essência expressa

De todas as coisas...
que no mundo um ser versa
a minha fala ficou a mercê dessa


Quem é tu que se dispersa?
Vem pra cá e te confessa!

Nem que seja só uma letra

Ao menos a que te começa
Diga, ainda que com uma caneta

...não me fuja à fala
como um cometa
não me mate a bala
sem uma conversa

Desatravessa, depressa...
te expressa à tinta
mas não minta
te expressa ou deixa...
de fazer...
... com que eu te sinta

Deixa eu entender ...
se acabou a tinta,
se cessou a fala,
porque tu te cala...
se não há mais letras...
se não há espaço
...ou não é o tempo

Pois no silêncio...

a de se perceber o teu alarde
e não será mais tarde,
é agora!
... No espaço desse momento
o teu silêncio arde...
e eu quase posso ouvir
tu, sem voz, se dizer...

... me aguarde...



Igor Barbosa






sábado, 13 de março de 2010

Ô!

Ô, Ô, Ô...

Insistia eu com sacudidas e ensaios de palavras, aos oito meses de idade no colo da minha mãe sendo ninado naquela calçada alta...

Por vezes me dizia ele com orgulho: "o nego safado, num podia me ver chegando da rua, que já ficava doidinho atrais de pular do colo da mãe...pra vim pra meu lado.
mas o pai dele num gostava... ai eu entrava em casa e cum poco mais dizia ... Madalena, vai buscar o nego pra cá!"

Era uma alegria quando ele me segurava por baixo dos braços e ficava balburciando qualquer coisa, só pra me fazer sorrir sem dentes. Tentando me lembrar, eu quase posso rir dinovo. quase posso ver aquele sorriso também, mas eu não me lembro.

Me lembro de outras coisas...da cadeira de balanço no quintal, do cachimbo pindurado na boca, das histórias de trancoso que ele contava pra mim e pra minha irmã, do olhar sério pro rio, de como ele sempre estava vestido sem camisa.

Simples, sério e um palhaço...lembro de como ele tirava brincadeiras com as doenças da minha vó..."Ô Madalena... num se aperrei não minha veia... a vida é assim mesmo ói, nóis tamo véi, mas temo que sê filiz...ói, ói pra mim. nem ligo, ói e ainda vô mais cantar pra você minha veia."

E então ele pegava um balde e ficava batucando e dançando no meio da casa:"Ô jardinera porque estais tão triste, mas o que foi que te aconteceu? foi a camélia que caiu do galho deu dois suspiros e depois morreu..."

Rodava, pulava, brincava feito um minino, e levava um sorriso sinico no rosto, sabia que minha vó não gostava daquilo tudo. mas era engraçado, ele fazia aquilo só pra animar a gente, minha vó também ria... ela ria com os olhos...aqueles ólhim miudim que eu mal reparava e que hoje reparo tanto, mesmo sem ver.

Ô vô, Ô vó... Ô,ô,ô!!


"Abença Vô... abença Vó, num ligue pras bestera desse véio não kkkk, no meio do ano eu volto...ou se não só nas férias do final do ano xaUU!"


Xau...

...Abença Véi !!!



quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

O queM sou eu ?


Eu sou a virgem do sacrifício,
sou as coordenadas do míssil...
sou aquela criança ferida
que achou uma bala perdida

Sou a contra gosto
o soco que marcou teu rosto
dos idosos sou na memória
pouco a pouco...
o que retira-os da história

Sou quem sangra em quem féri
sou a dor frente a culpa
abandono, a dizer, não me esperi

Quando passavas na rua
eu fui a presença da ausência
do ladrão que, sem decênsia
muito mais que tua bolsa
assaltou tua vida..
te deixando de alma nua

Eu sou teu sangue escorrendo
entre os paralelepípedos quentes
por onde passam os que vão vivendo
a demência que se instaurou nas mentes

sou o fracasso daquele que escreve
o inusitado medo em quem sempre se atreve
sou a falsa satisfação, sou o vício
sou aquele remédio que arde e não cura
sou aquela palavra que implode o peito
sou o teu brinquedo novo que deu defeito

Sou teu engano irreparável
o novo no cotidiano imutável

O queM sou eu ?



(Eu's)

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