sábado, 27 de novembro de 2010

"Moça Poesia" (Poesia ganhadora do concurso "Flor de Cacto")

Um dia encontrei uma moça...
E no de repente do seu olhar,
Os meus poemas viraram atos
Todos os morfemas viraram fatos

A minha melhor poesia, não tinha linhas nem papel... Quis digitar no seu vestido, mas me chamaria de atrevido. Então me senti um total perdido... Ela estava fugindo, estava escapando. Diante de mim, a poesia não se escrevia, e eu só a olhando...

Perguntava-me quando, quando?
O pensamento divagando...
Calculador de sentimento,
Aflito, procurava o melhor momento...

A que horas tento?

A poesia ao vento, não queria mais do que o momento... E eu lá, tento ou não tento? Se deixar pra escrever depois, vai me esquecer depois... Passou, se foi à poesia. Todo aquele fascínio desocupou o espaço, mas deixou na sombra de seu último passo, um desejo de abraço...

Diante de todo aquele nada...
Minha inspiração se viu calada
Ali onde agora nada, esteve tudo
E eu, estive mudo...

A danação do mudo...
Danação do mundo
Diante de perder tudo
Vi-me um vivo moribundo

Procurei a poesia por todo canto
Revirei a minha estante de encanto
E não achei sequer um verso...
Clamei em agonia:"volta poesia, eu te peço!"

Por duas vezes no universo
Nossos olhos trocaram algum verso
Das duas vezes que se falaram
Os olhos , dizendo tudo
Tudo calaram...

Na noite de um longo dia... Fiz-me surdo, ou calei o mundo. E novamente reencontrei a poesia. Moça de eloqüente semblante, que tinha no olhar, o dom de esticar o instante...

Aquele momento, re-parou
O tempo...
A fala, nunca foi tão de sinais,
perguntei a poesia:
Por que tu não se dizes mais?

Vim aqui pra te saber, Pois
Se não posso te conter
Deixa ao menos te escrever
No instante que te Traz!

A poesia se falou...

Se no instante que estou
Tu te fazes a minha volta
Sou eu, tu!
E tu, eu sou
Sou eu, tu...
E tu, nem nota

Não seriamos cúmplices, posto que já o fôssemos. Os desejos encontravam nos olhos seus, olhares que eram os meus.

Tudo que eu queria
Já teria sido ou também seria,
De alguma maneira
Naquela "Moça Poesia"...

Nela, tive de súbito,
Um encontro comigo
Ela fez-se de repente
Meu mais intimo ente

Que poeta já falou de nós,
Senão todos?
Que amante já tomou-a muda,
Senão o Neruda?

"Moça Poesia", pra te reencontrar
Eu já dobrei o dia...
Calei um mundo que não te ouvia
E só por teu olhar
Tudo de novo eu faria

Pois já não sei o quanto
Desejei com força
Que a minha Poesia
Fosse tu Moça!


(Igor Barbosa)


Poema ganhador do concurso "Flor de Cacto", do departamento de Letras, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. saldado com a honraria de "Promessa Literária".

Dedico esse Prêmio aos meus finados avós, dois "analfabetos" que me ensinaram a ler a vida.

8 comentários:

Anônimo disse...

Que linda! Parabéns pelo prêmio. Eu gosto do que tu escreves.
Virei fã. (rs)

Desa-a-fios disse...

Feliz a moça poesia!

Francis Carraldi disse...

Uma verdadeira essência poética; espero ler mais!

Patrícia disse...

Parabéns,Igor!

Linda a poesia, linda a dedicatória!

Wanessa Wilorri disse...

Hum...simplesmente linda!!!Tenho certeza q os nossos avós estão muito orgulhosos desse neto poeta, que poetiza não só com palavras, mas com a vida!Sim, a irmã do poeta da vida tb tá orgulhosa e emocionada com a fascinante letra dessa "moça poesia"!Parabéns Sorriso!

Danusa disse...

Muito bonita a poesia!!! E que venha tantas outras moças com essa alma poetica para que possamos ler!!! Parabéns...

BAH. disse...

Linda poesia, parabéns pelo premio . . abraços !

Yasmin disse...

unicamente perfeita! =D

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