segunda-feira, 25 de outubro de 2010

SI...ente!

... Uma hora, você SI percebe no futuro,
Que nessa hora já será presente,
E então derepente...
Perceberá que o passado, vai estar ausente.
Verá o que você é, quase que completamente,
Uma vida toda, até então, indiferente...
Saber o que SI foi, é como morrer
E por SI a olhar, o próprio túmulo...
Como o de um ente, um SI...ente.


(Igor Barbosa)

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

domingo, 17 de outubro de 2010

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Bernardo Soares, um Eu'sinestésico também:

"Leve, como uma coisa que começasse, a maresia da brisa pairou sobre o Tejo e espalhou-se sujamente pelos princípios da Baixa. Nauseava frescamente, num torpor frio de mar morto. Senti a vida no estômago, e o olfacto tornou-se-me uma coisa por detrás dos olhos. Altas, pousavam em nada nuvens ralas, rolos, num cinzento a desmoronar-se para branco falso. A atmosfera era de uma ameaça de céu cobarde, como a de uma trovoada inaudível, feita de ar somente.

Havia estagnação no próprio voo das gaivotas; pareciam coisas mais leves que o ar, deixadas nele por alguém. Nada abafava. A tarde caía num desassossego nosso; o ar refrescava intermitentemente.

Pobres das esperanças que tenho tido, saídas da vida que tenho tido de ter! São como esta hora e este ar, névoas sem névoa, alinhavos rotos de tormenta falsa. Tenho vontade de gritar, para acabar com a paisagem e a meditação. Mas há maresia no meu propósito, e a baixa-mar em mim deixou descoberto o negrume lodoso que está ali fora e não vejo senão pelo cheiro.

Tanta inconsequência em querer bastar-me! Tanta consciência sarcástica das sensações supostas! Tanto enredo da alma com as sensações, dos pensamentos com o ar e o rio, para dizer que me dói a vida no olfacto e na consciência, para não saber dizer, como na frase simples e ampla do livro de Job, "Minha alma está cansada de minha vida!"


(Bernardo Soares. Do Livro do Desassocego)

domingo, 10 de outubro de 2010

Vinho (vinum)


















"Tomar um bom vinho é como provar o sangue de um deus, não o de 'Deus' ou o de 'Cristo', mas o sangue de 'Um deus'... é frio e quente, parece vida mas é morte. Cada gole sucita um buquê do que sucumbe, o agora. O sabor do divino morto, ou morrendo..."
(Igor Barbosa)

Momento de agradecimento:

Obrigado a todos vocês que estão pelo mundo a fora e se visitam em mEu's textos, desde o pessoal que está aqui no Brasil aos que estão nos Estados Unidos, Austrália, Moçambique, Grécia, França, Emirados Árabes Unidos, Ucrânia, Reino Unido, Bélgica, Indonésia, Canadá, Rússia, Portugal etc. Fico feliz em saber que de alguma forma nos encontramos mesmo estando tão distantes. Sejam sempre bem vindo e fiquem a vontade para fazerem seus comentários aqui.

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

O Touro e o Tolo(Toure...a...dor)

Derrubei um touro pelo chifre. Depois de se sentir tomado, ficou acuado. Sentiu meus braços em seu pescoço e o peso de seu corpo recaindo sobre si... O tombo o desconcertou, touros são de terra firme, o ar os mareia. O derrubei e depois o soltei, pois queria que ele me desse um abraço. Um abraço de touro, um abraço de amigo. De pé novamente, seus olhos me fitavam indecisos, ainda perdidos no ar da queda, se sentia acuado, mas seu olhar sabia, que no meu, podia confiar. Como ou porque, não sei explicar... O que tornou mais difícil saber que decisão tomar. Então nos olhávamos, eu o encarava, ele me dês-encarava, fitando e fugindo ao meu olhar... Naquela conversa de olhos, cada piscadela parecia demorar horas, em nossos olhares de horizontes.
Começamos a dançar. Uma dança de “amistosos rivais”, um tango de arena... Eu o rodeava, já poderia o abraçar. Ele já não resistiria ao meu abraço. Porem não era uma caça, então pensava, porque ele não me abraça. Fazia a poeira subir pateando o chão, e num desses eclipses de areia, de repente, quando a poeira baixa... Vejo que por trás dele, estamos cercados... Tanto eu como ele, vivemos num curral, numa arena... Acoitados sem escolha, enjaulados. Se me abrasasse ali, apenas dividiríamos nossas arenas. Se me abraça, não tem mais paz, outros viriam aos montes derrubar o touro, que de uma hora pra outra, ficou manso. Que impasse... Já não sabia o que fazer... E foi quando no meio da arena, o indeciso e indomado touro, imponentemente sentou. Por mim, no ato, demonstrou seu respeito. Pensei: eu não o mato, pois o carrego em meu peito, pelo que não falou e o que não tenha feito. Aquele touro não me abraçou, mas me conteve, por dentro dos olhos. No mais, aqui fora, estamos todos presos do outro lado da arena.


(Igor Barbosa)

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